28 de janeiro de 2014

When agent has papers ... infidels.

Começara um novo dia. Maggie ainda ruminava  seus pensamentos conturbados de uma noite de sono, sem sonhos. Um sentimento em êxtase, deixara-a parcialmente envolvida em si. Os devaneios do corpo costumam castigar a alma. O que a despertara daquele "sonho" acordado, vinha da sua cozinha. Um cheiro de café, pão de queijo e torradas. Casualmente, aquele não seria um dia comum. A escolha de um jeans despojado a reanimara para uma nova jornada. Maggie não era do tipo de garotas, rotulada pelo esquadrão da moda. Mas compunha algo que era o seu particular e exclusivo à sua carne. A maneira como ela lidara com si mesma, já era de ser notado.

Não detinha do desejo de querer ser outrem, senão ela mesma. Mas, algo ainda a fazia comum à outros seres, o desejo de cuidar de vidas.  Cuidar, no sentido culto da palavra. Tomada pela ânsia de ver o sol, que já lançara sobre a janela do seu quarto, seus raios esplêndidos. Tomara o seu café, preparado por mãos de um ser que, ele julgava conhecer desde outras vidas. Se essas um dia, de fato existiram. Preferia sempre acreditar, que as mesmas existiram. E que vinha à essa (vida), ainda com o "gosto" de fazer o bem, impregnado em sua carne.

 Maggie saíra, sem ao menos saber que algo estava por vir. Não ousaria saber que, na esquina de uma avenida movimentada, encontraria aos esbarrões, aqueles pelos par de olhos. Vindos, não sabia de qual paraíso. Contraditórios os seus, que estavam marcados pela tons escurecidos da noite anterior. Entre desculpas, e a pressa em sair daquela emboscada, Maggie notara a força com que sua alma era arrastada para aquele universo indistinguível. Uns instantes perduraram, que nem ela mesma sabe ao certo o quanto durou aquele déjà vu. Tinha certeza que fora um autêntico déjà vu.

E de uma coisa ela poderia ter certeza, que jamais esqueceria da esquina Pouso Alegre. Muito menos, do pelo par de olhos. Ah, Maggie chegou a suspirar sem nem dar-se conta em que mundo estava, e para onde iria. Uma coisa é certa, caro leitor: todos nós detemos de um encanto. Maggie passara o dia em seus afazeres, estudos. Em poucas palavras, procurava ser precisa consigo mesma. A última ferida ainda não estava cicatrizada. E jamais estaria. Tratava de cuidar dessas, cautelosamente para que não sangrassem. Os estragos às vezes não podem ser reparados sem deixar marcas. E isso era notável em seus passos.

Ao belo par de olhos, custara-lhe esquecê-lo. E o que se passava com o dono daquele semblante? Ele a conhecia? Maggie procurava instintivamente fugir desses pensamentos. Que canto há de cantar o indefinível? Ficava a se perguntar se poderia compor uma letra para esvaziar sua alma. Seria contraditório, pois no fundo, talvez, ela não quisesse esquecer-se do colecionador de almas.

Seus sonhos acordados, conturbados, ainda seriam muitos.

D.R