15 de outubro de 2014

A literary orgy

As folhas deixadas pelo vento em minha porta tem o seu endereço postal. E eu ainda não assisti o filme, o qual passamos duas horas conversando sobre o roteiro. Mas veja bem, é inverno e continuo tendo a velha mania de não gostar do verão. Sou o avesso de tudo o que você conhece. Mas o que me conforta é ser mesmo esse avesso.
Meu perfume exala pelo ar feito uma fumaça no farol. Vivo um tormento quase constante todas às vezes em que entro no meu quarto e encontro algo fora do lugar. E confesso o que tem causado esse “tormento” : pessoas que não estão no lugar certo. Sei que nada está. E me pergunto sobre o que os seres estão plantando por aí? Simplesmente existindo? Ou vivendo?
Ah, doce Phil, o senhor da banca de jornal da sua rua, que é primo do padeiro, que mora perto da gruta onde seu pai se esconde e te esconde conhece meus passos e olhares. Ele já viveu muito e possui uma sabedoria incrível. Você deveria comprar jornais ao menos duas vezes na semana e reservar um tempo para uma boa prosa. A princípio, gosto de chá e de poesia. Você vai dizer que eu nunca soube como me cuidar. Que serei a eterna inocente. Mas olho para a parede do meu quarto e vejo que eu nasci na época errada. Pois os anos que mais me fascinaram em vida, já se passaram. E sobraram somente as relíquias para saborearmos.
Acho que naquela época, as pessoas eram mais felizes. E nem precisavam se depilar. Tudo era conectado pelo findo. Você disse certa vez, que o homem costuma estragar tudo. Em parte, mas o desejo da mulher, o poder, a obsessão, o famoso jogo de cintura, também pode estragar. Os dois podem e o tudo também. Passei dias tentando um contato comigo mesma. Mas o tempo parece ser maior do que tudo. Isso, porque já quase escrevo por obrigação. Talvez a faculdade esteja nos consumindo mais do esperávamos, pois há tanta página em branco no caderno azul. E o livro talvez fique pronto quando também estivermos. Nada costuma ser definido, apenas deixamos o acaso agir. Lembrei-me da sua pergunta, sobre em que eu irei pensar quando as luzes se apagarem. Digo, talvez seja em algo tipo: Ih, apagou (rs). Mas nunca sabemos. A certeza que podemos ter apenas, é que na manhã seguinte, teremos café.

 D.R