24 de abril de 2014

Corte transversal do poema.

A música do espaço pára, a noite se divide em dois pedaços. Uma menina grande, morena, que andava na minha cabeça, fica com o braço de fora. Alguém anda a construir uma escada para os meus sonhos. Um anjo cinzento, batendo as azas em torno da lâmpada. Meu pensamento desloca uma perna, o ouvido esquerdo do céu não houve a queixa dos namorados. Eu sou o olho dum marinheiro morto na Índia, um olho andando com duas pernas. O sexo da vizinha espera a noite se dilatar, a força do homem. A outra metade da noite foge do mundo, empinando os seios. Só tenho o outro lado da energia que me dissolvem no tempo em que virá. Não me lembro mais quem sou.

Daiane Reis