Já era madrugada. Os suspiros incertos do vento passavam à
procura de abrigou, ou, uma alma inquieta para acalmar-se. Eu, ainda estava
desperta em meu próprio universo. Talvez, o travesseiro não desse o repouso que eu necessitava. Nem a papoula, nem tampouco o que costuma dar sono solto: a consciência tranquila. Depois de renunciar ao sono, indolentemente, entreguei-me as insanas declarações de amor, na qual o poeta sempre cai na armadilha. Sempre. Que tem por sutil
conseqüência, seus sentidos e pensamentos naufragados em uma eterna
inconsciência. - “Bendito” seja! Jamais ousaríamos entender o porquê que a
poesia ferra com agente.
Não é fácil lutar contra os seus próprios monstros. Principalmente , quando você sabe do que eles se alimentam. Muitas das
vezes, os célebres
momentos psicodélicos, resgatam-nos do fundo de um abismo. Ou, tentam ao menos, instigar- nos a escalada até a cruel realidade. Cabível a mim.
Devaneios do corpo, da alma? Tormentos do amor? Poderia ser um
tormento, se não fosse uma sede/fome da própria carne. “O tempo é feiticeiro”,
costumo dizer. Mas, a dor escreve em nossos ossos com punhais a cruel
realidade: O MUNDO NÃO TEM AMOR. Me desespero toda vez que,tenho que bater de frente com esse muro. E toda a doçura que cobre a minha pele, simplesmente evapora, utilmente para virar a pólvora que a isca precisa.
Com um grito, que me parece mais um ungido, talvez com origem de outras vidas, domam meu corpo em uma compulsão frenética para dizer: TOLOS! QUEBREMOS O MURO. Uma metamorfose. A evolução a cada ato destinto. Sem instinto. Isso faz parte do meu ciclo diário. Talvez, haja entre mim e meus passos, uma divergência instintiva. Todos os aspectos devem ser
analisados em intrínsecas circunstâncias, sem perder a essência cabível a cada vínculo.
Tento constantemente, compreender as razões das indiferenças que me cercam. Inúmeras respostas chegam, com sentidos incertos. “Definições”, se é que poderei atribuí-las, são contraditórias diante a concepção da causa e efeito. Já que, há infinitas formas de interpretação. Loucas formas para a própria interpretação. A forma como já a fazemos, é uma das maiores. (já dizia Nietzsche).
Há perguntas que jamais terão respostas. Como, descobrir em que ano mesmo, a alma da Mari fora concebida. Talvez o título, Louca como Mercúrio fosse já, uma pista. Talvez, eu necessite de uma boa dose de consciência desprovida de mins.
D.R