Eram às oito da manhã. O dia começara nublado. O que transcorria naquele ímpeto cantinho
aconchegante, era o som da chuva que caía sobre o telhado. O cheiro da terra
molhada, alimentavam seus pensamentos. E da janela, ficava a admirar a dança
esbelta da chuva sobre os caos urbanos. Uma nostalgia poderia abater-te, mas
não foi o que sucedeu.
Poderia ter lembrado-se da infância, das travessuras com os irmãos, da melhor
amiga reencontrada depois de dez anos, da adolescência conturbada, da eterna
saudade da avó querida. Dos sorrisos ao lado do pai amado. Das milhões e
constantes alegrias proporcionadas pelos mais findo dos sentimentos. Mas, nada
disso pesou sobre o seu universo pensante. As vezes, somos arremessados de uma
forma tão lúcida, à realidade mais que presente. A realidade cruel, egoísta, a
qual "nós" somos os autores. O mal social, o holocausto alheio. Somos
egoísta? É, somos egoísta. Quando temos em mãos o poder de ajudar, apaziguar o
sofrimento alheio que especula mais alto que o som da chuva, mais forte que um
raio prestes a cair, devastando tudo ao seu redor. E nada fazemos. A cegueira coletiva é extravagante, uma moléstia. Em alguns momentos, suas expressões estagnavam diante os fatos transcorridos.
O poder para muitos é uma questão de ideologia, quando atrelado ao
"capitalismo", uma arma. O mesmo, é uma espécie de ''mal-social'', visto que sua criação é ''ineficaz'', diante os milhares de problemas existentes não solucionados. O sistema aprisiona e tortura. Até quando durará tudo isso? Ficava a pequena sonhadora à mercê da loucura. Ideologia, poderia ser. Mas, era mais do que isso. Uma realidade fustrante e repugnante no fim das contas.
O homem teria de fato evoluído? Historicamente sim. Talvez, o mesmo tenha pensado "somente" em deixar seu legado histórico. E esquecido do real sentido do ser evolutivo, o qual fora classificado. O que vemos não é mais evolução. E sim, "degressão". Generalidades são um equívoco, sempre foi. Chegava a ser estupefante aqueles segundos, porém essenciais. Fora arremessada ali. Fugir não era o propício para os seus princípios.
E assim, aquele momento a levara à outras infinitas realidades. Corroíam-lhe a alma. Tão contraditório a existência humana. Os argumentos que a defendem. São pensamentos.. aquela manhã, duraria uma eternidade. - Como "diria" Caspian: Bem vindo à Nárnia.
E tudo se encaixaria novamente, quando de lá retornasse. O sistema obriga.
Daiane Reis
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