14 de setembro de 2013

GRAPE STARS


A lua era magnífica. No morro entre o céu e a planície,a alma menos audaciosa era capaz de ir contra um exército inimigo, e destroçá-lo. Vede o que não seria com este exército amigo. Estavam no jardim. Maggie enfiara o braço no dele para irem ver a lua. Os dois ficaram calados por algum tempo. Pelas janelas abertas, viam-se outra pessoas conversando. O jardim era pequeno, mas a voz humana tem todas as notas e os dois podiam dizer palavras sem serem ouvidos.
Charlie lembrou-se de uma comparação velha, muito velha, apanhada em não sei que década de 1850, ou de qualquer outra página em prosa de todos os tempos. Chamou aos olhos de Maggie as estrelas da terra, e às estrelas aos olhos do céu. Tudo isso baixinho e trêmulo.
Maggie ficou pasmada. De súbito endireitou o corpo que até ali viera pesando no braço de Charlie. Estava tão acostumada com a timidez deste... Estrelas? Olhos? Quis dizer que não caçoasse com ela, mas não achou como dar forma à resposta, sem rejeitar uma convicção que também era sua, ou então, sem animá-lo a ir adiante. Daí um longo silêncio surgiu novamente.
- Com uma diferença, disse Charlie. As estrelas são menos lindas que seus olhos, e no final nem sei mesmo o que elas sejam, Deus que as pôs tão alto, é porque não poderão ser vistas de perto, sem perder muito da formosura. Mas, os seus olhos, não! Estão aqui ao pé de mim, grandes, luminosos, mais luminosos que o céu...
Em cima, as estrelas pareciam rir daquela situação inextricável. Vá que a lua os "visse"!
A lua não sabe escarnecer, e os poetas, que a acham saudosa, terão percebido que ela amou outrora algum astro vagabundo, que a deixou ao cabo de muitos séculos. Pode até ser que ainda se amem. Os seus eclipses (perdoe-me a astronomia) talvez não sejam mais que entrevistas amorosas. 

O mito de Diana descendo a encontrar com Edimião bem pode ser verdadeiro. Descer é que é demais. Que mal há que os dois se encontrem ali mesmo no céu, como os grilos entre as folhagens cá de baixo?
A noite, mãe caritativa, encarrega-se de velar a todos. Depois, a lua é solitária. A solidão faz a pessoa séria. As estrelas em chusma, são como as moças entre seus quinze e vinte anos, (em excessão) alegres, palpiteiras, rindo e falando de tudo e de todos.

Como diria Otelo, o terrível e Tristriam Shandy, o jovial - CASTAS ESTRELAS.

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